
Talco é “provavelmente cangerígeno”. O que quer isso dizer?
O talco foi classificado como “provavelmente cancerígeno” pelos peritos da Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC, na sigla inglesa) da Organização Mundial da Saúde.
O grupo de trabalho de 29 peritos internacionais analisou a evidência científica sobre a associação entre o talco e o cancro e encontrou “evidências limitadas de cancro em seres humanos (para o cancro do ovário), evidências suficientes de cancro em animais e fortes evidências mecanicistas de que o talco apresenta características-chave de agentes cancerígenos em células primárias humanas e sistemas experimentais”.
Com base nestas conclusões, o talco foi classificado como “possivelmente cancerígeno” para seres humanos pelo IARC, passando a ser enquadrado no grupo 2A do seu sistema de classificação. Mas o que significa isto em concreto?
O que significa quando uma substância, como o talco, é considerada “provavelmente cancerígena”?
A classificação do Grupo 2A é o segundo nível mais elevado de certeza de que uma substância pode causar cancro. Neste grupo, estão inseridas substâncias consideradas “provavelmente cancerígenas” como, por exemplo, a acrilamida.
Tal como se explica num documento de “perguntas e respostas” publicado pelo IARC, a categoria 2A é atribuída “quando existem provas limitadas de carcinogenicidade no ser humano e provas suficientes de carcinogenicidade em animais experimentais ou provas mecanicistas fortes, que demonstrem que o agente apresenta características-chave dos carcinogéneos humanos”.
E o que se entende por “provas limitadas de carcinogenicidade”? Significa “que foi observada uma associação positiva entre a exposição ao agente e o cancro, mas que outras explicações para as observações (tecnicamente designadas por “acaso”, “enviesamento” ou “confusão”) não puderam ser excluídas com uma confiança razoável”, explica-se no mesmo documento.
O IARC esclarece ainda que esta categoria “também pode ser utilizada quando existem provas inadequadas de carcinogenicidade no ser humano, mas provas suficientes de carcinogenicidade em animais experimentais e fortes provas mecanicistas em células ou tecidos humanos”.
No caso do talco, o grupo de trabalho do IARC encontrou “evidências limitadas de cancro em seres humanos (para o cancro do ovário), evidências suficientes de cancro em animais e fortes evidências mecanicistas de que o talco apresenta características-chave de agentes cancerígenos em células primárias humanas e sistemas experimentais”.
Os peritos referem que, “embora a avaliação se tenha centrado no talco que não continha amianto, não foi possível excluir a contaminação do talco com amianto na maioria dos estudos com seres humanos expostos”.
Além disso, acrescentam, “não foi possível excluir, com razoável confiança, a existência de enviesamentos na forma como a utilização de talco foi comunicada nos estudos epidemiológicos”.
Nesse sentido, “não foi possível estabelecer plenamente o papel causal do talco” no desenvolvimento do cancro.
Por esse motivo, o talco foi inserido no grupo 2A da classificação do IARC, que corresponde às substâncias “provavelmente cancerígenas”, e não no grupo 1, que inclui os agentes comprovadamente cancerígenos.
Importa sublinhar que, tal como clarifica o IARC, este sistema de classificação indica “a força das evidências de que uma substância ou agente pode causar cancro”, mas “não indica o nível de risco de cancro associado à exposição em diferentes níveis ou em diferentes cenários”.
Por isso, “o risco de cancro associado a substâncias ou agentes que são atribuídos à mesma classificação pode ser muito diferente, dependendo de fatores como o tipo e a extensão da exposição e o tamanho do efeito do agente a um dado nível de exposição”, conclui a agência.
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