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Pneumonia por aspiração: 5 perguntas e respostas sobre a infeção diagnosticada a Ângelo Rodrigues

15 Jan 2025 - 01:58

Pneumonia por aspiração: 5 perguntas e respostas sobre a infeção diagnosticada a Ângelo Rodrigues

O termo “pneumonia por aspiração” ganhou destaque mediático e nas pesquisas online, quando, esta terça-feira, foi noticiado que o ator Ângelo Rodrigues estaria internado, e em coma induzido (embora livre de perigo), em consequência deste quadro clínico. 

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Mas o que é uma pneumonia por aspiração? Quais as causas e sintomas? E como se trata? Em declarações ao Viral, Paulo Santos, professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) responde a 5 perguntas sobre a pneumonia por aspiração.

O que é a pneumonia por aspiração?

Uma pneumonia por aspiração é um tipo de pneumonia que ocorre quando “corpos estranhos” (como vómito, conteúdo gástrico devido ao refluxo gastroesofágico, alimentos, etc.) são aspirados para os pulmões e dão origem a uma infeção pulmonar.

“Por exemplo, a pessoa vomita e, em vez de vomitar para fora, acaba por fazer uma aspiração desse vómito que vai para os pulmões e acaba por provocar aí uma reação inflamatória – que é uma pneumonia e, eventualmente, com infeção concomitante”, exemplifica Paulo Santos.

Os sintomas são diferentes dos das pneumonias comuns?

A principal diferença entre a pneumonia por aspiração e a maioria das pneumonias comuns é a causa, ou seja, o facto de ser originada por um episódio em que são aspiradas partículas que não deviam ir para os pulmões.

Tendo em conta esse contexto, explica Paulo Santos, numa primeira fase, o sintoma predominante da pneumonia por aspiração é “a falta de ar (dispneia)” provocada por esse episódio.

À medida que o quadro vai evoluindo, acrescenta o professor da FMUP, os sintomas são semelhantes aos da pneumonia comum (por exemplo: febre, arrepios, expetoração, dor torácica e outros sintomas respiratórios).

Quem corre maior risco?

Existem alguns grupos que correm maior risco de ter uma pneumonia por aspiração, dos quais Paulo Santos destaca, em primeiro lugar, os “doentes acamados”.

Por estarem deitados, “é mais fácil” ocorrer refluxo nos doentes acamados, ou seja, é mais provável que algum conteúdo do estômago volte para o esófago, aumentando também a probabilidade de ser aspirado para as vias respiratórias e dar origem a uma pneumonia.

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No mesmo sentido, fazem parte dos grupos de risco também as pessoas com dificuldades de deglutição ou com doença do refluxo gastroesofágico.

As pessoas com estados alterados de consciência – por exemplo, na sequência do consumo de substâncias, como álcool e outras drogas – também podem ter um risco aumentado.

O professor da FMUP alerta que “o álcool é particularmente perigoso” neste contexto, não só devido aos vómitos “frequentemente associados ao estado de embriaguez”, mas também pela alteração da estrutura e funcionamento do esófago, que facilita o refluxo. Além disso, o álcool “afeta o estado de consciência”, o que “pode levar a pessoa a aspirar o vómito ou refluxo sem sequer perceber”.

Como se trata a pneumonia por aspiração?

Paulo Santos adianta que o tratamento da pneumonia por aspiração “depende do contexto”. Ou seja, enquanto alguns doentes têm uma “evolução positiva” com o “tratamento básico” – feito com medicamento como, por exemplo, “anti-inflamatórios e antibióticos” – outros podem precisar de “cuidados intensivos” e de “suporte respiratório” (ventiladores).

O tratamento da pneumonia por aspiração requer, normalmente, o internamento do doente, para que seja possível monitorizar a evolução do quadro, administrar a medicação adequada e evitar complicações mais graves.

É possível prevenir a pneumonia por aspiração?

A prevenção da pneumonia por aspiração “passa pelas causas”, avança Paulo Santos.

Por exemplo, pessoas com doença do refluxo gastroesofágico devem controlar a doença para reduzirem o risco de desenvolverem uma pneumonia por aspiração.

Pela mesma ordem de ideias, no caso dos doentes acamados, que têm um risco aumentado de refluxo, uma medida de prevenção útil é a inclinação da cabeceira da cama “a 20 ou 30 graus”, para dificultar o regresso do conteúdo gástrico ao esófago e a sua consequente aspiração.

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Por fim, é recomendado evitar o consumo excessivo de substâncias que alterem o estado de consciência, como o álcool e as drogas, que também podem aumentar o risco de aspiração.

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