Mais do que desobediência. O que é a Perturbação de Oposição e Desafio?
Fazer uma birra, responder torto a um cuidador ou “amuar” sem razão aparente são consideradas atitudes normais numa criança. O problema é quando estas situações se agravam e se tornam demasiado frequentes. Em alguns casos, podemos estar perante uma Perturbação de Oposição e Desafio? Mas em que consiste este problema? E como distinguir a desobediência natural numa criança de uma perturbação?
Em declarações ao Viral, Sara Rodrigues, médica interna de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, tira todas as dúvidas sobre esta perturbação e explica o que a distingue da desobediência.
Como distinguir a desobediência de uma Perturbação de Oposição e Desafio?
Sara Rodrigues começa por explicar que, segundo os critérios do Manual de Diagnóstico de Doenças Mentais da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-V), a perturbação de oposição e desafio define-se “pela presença persistente (pelo menos 6 meses) de humor irritável/raiva, comportamentos de desafio face às figuras de autoridade e/ou atitudes de carácter vingativo“.
Esta perturbação está associada “necessariamente a consequências negativas na vida da criança, da família, do contexto social”. Portanto, nunca pode ser “explicada por outras perturbações ou pelo consumo de substâncias”, salienta a médica.
É verdade que “todas as crianças e adolescentes apresentam algum tipo de postura de desafio ao longo do seu desenvolvimento”, pondera. Aliás, acrescenta a médica, “trata-se de um comportamento imprescindível ao processo de autonomização e individuação do ser humano, que constrói a sua identidade ao demarcar-se dos outros”.
Contudo, é aconselhável estar alerta. Segundo Sara Rodrigues, “o comportamento de oposição e desafio configura uma perturbação quando se torna excessivo na intensidade, frequência e duração, face ao expectável para a idade e para o ambiente social/cultural onde a criança se integra”.
Portanto, torna-se preocupante quando a oposição tem um efeito “significativo no funcionamento da criança e/ou da família”, ou seja, por exemplo, quando há problemas recorrentes “em casa, na escola, nas atividades extracurriculares, nas férias”.
Quais as causas da Perturbação de Oposição e Desafio?
Em relação à faixa etária predominante desta perturbação, Sara Rodrigues adianta que “o início remete necessariamente para a infância ou adolescência“. Aliás, “na esmagadora maioria dos casos, o diagnóstico surge durante o primeiro ciclo, ainda antes dos 8 anos”, assegura.
Ainda assim, “existe uma percentagem de adultos que não recebeu diagnóstico durante a infância e que mantém estas dificuldades ao longo da sua vida”, realça.
Quando questionada sobre as origens desta perturbação, Sara Rodrigues esclarece que se pensa “existir uma interação” entre causas genéticas e ambientais.
Por um lado, “características biológicas”, tais como “o temperamento, um baixo limiar à frustração e dificuldades precoces na regulação emocional” podem “ser fatores predisponentes”.
Em simultâneo, “características do ambiente e da família em que a criança se desenvolve – como o nível de conflituosidade, o estilo de parentalidade, a capacidade de resposta às necessidades emocionais – parecem ser igualmente importantes”.
Qual o tratamento disponível?
Existem vários passos a serem tomados. A primeira abordagem, realça Sara Rodrigues, “passa pela psicoeducação e por validar as dificuldades da criança e da família, enquadrando a perturbação e o seu impacto e aliviando a angústia resultante”.
Na visão da médica, “a psicoterapia individual, nomeadamente do tipo cognitivo-comportamental, pode ser pertinente na reeducação das atitudes da criança”.
É muito importante, na perspetiva da médica, “colocar o foco em estratégias positivas e ajudar a criança/adolescente a gerir a frustração e a adversidade”.
Por isso, deve-se “trabalhar o reconhecimento das emoções, tentar controlar “os impulsos”, e implementar “técnicas de resolução de conflitos”.
“Por outro lado, a abordagem familiar e do contexto torna-se imprescindível à contenção das dificuldades”, garante a mesma fonte.
Para a médica, “ajudar os pais a colocar limites de forma tranquila mas assertiva e a apaziguar a conflituosidade no ambiente familiar” é essencial.
Em última análise, conclui, ainda “é possível recorrer a fármacos que ajudem a regular as emoções e o comportamento”.
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