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A mudança da hora tem impactos na saúde? Como minimizá-los?

Os relógios atrasam uma hora na madrugada do próximo domingo. Que efeitos tem a mudança da hora na saúde? E como minimizá-los?

28 Out 2022 - 03:31

A mudança da hora tem impactos na saúde? Como minimizá-los?

Os relógios atrasam uma hora na madrugada do próximo domingo. Que efeitos tem a mudança da hora na saúde? E como minimizá-los?

Os relógios vão atrasar na madrugada de domingo devido à mudança da hora para o horário de inverno. Apesar de a ideia de dormir mais uma hora durante este fim de semana parecer apelativa, vários especialistas têm vindo a público falar sobre os possíveis impactos desta alteração na saúde da população. Afinal, quais os efeitos da mudança da hora na saúde? E como minimizá-los?

A mudança da hora tem efeitos na saúde?

Em declarações ao Viral, o especialista do sono Miguel Meira e Cruz começa por explicar que os estudos sobre os impactos da mudança da hora na saúde “são muito difíceis de fazer, porque temos milhares de células, algumas que são inacessíveis e, portanto, não sabemos efetivamente o que se passa em algumas delas”. Ainda assim, sublinha, “o interesse nesta temática tem aumentado nos últimos anos” .

Nesse sentido, completa, segundo os estudos experimentais feitos até hoje,  “parece ser mais grave o adiantamento do relógio em março [quando se entra no horário de verão], nomeadamente na função cardiovascular e metabólica”.

“Aquilo que alguns estudos têm demonstrado – embora com alguma controvérsia – é que o número de eventos e as descompensações cardiovasculares e metabólicas aumentam no período pós-mudança da hora em relação aos períodos semelhantes nas semanas anteriores à mudança”, sustenta.

Já nos casos relacionados com o atraso dos relógios, “o que se tem visto é que esta mudança afeta mais funções cognitivas e emocionais”, sendo que estas “alterações no relógio coincidem com um tempo que, já por si, é mais escuro”, pois existe “uma diminuição da luz durante o inverno”.

Noutro plano, o especialista acrescenta que os seres humanos têm “um relógio biológico – uma estrutura que é um conjunto de milhares de células num centro nervoso que se chama hipotálamo – e esse relógio comanda virtualmente todas as nossas funções enquanto vivos”. 

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Ora, além de esse relógio estar apto e ter-se desenvolvido “para funcionar otimizadamente em termos de atividade durante o dia”, também “durante as 24 horas do dia existem funções – como a atividade digestiva e a secreção de suco gástrico – que estão muito sincronizadas com períodos específicos”. Ao mesmo tempo, continua, “também temos janelas ótimas para que as bactérias, os vírus e os fungos atuem em determinada circunstância”. Assim sendo, argumenta, “quando nós alteramos a hora, alteramos vários ritmos”.

Por outro lado, Meira e Cruz considera que “a brusquidão” com que a mudança da hora acontece parece ser ainda mais impactante do que a alteração em si.

“Exigir ao ser humano que, de um dia para o outro, comece a viver com uma hora a mais ou uma hora a menos, em termos relativos, é uma violência, porque as funções que estão preparadas para serem desempenhadas naquele determinado horário não conseguem adaptar-se rapidamente”, defende.

Além disso, o especialista sublinha que a ciência mostra que “por cada hora de alteração demoramos cerca de dois dias a adaptar-nos”, mas lembra que “nem todas as pessoas são assim”.

“Há pessoas que demoram uma semana, há pessoas que demoram um mês, há pessoas que demoram seis meses e há pessoas que nunca se adaptam”, conclui.

Como minimizar os efeitos da mudança da hora?

A pensar nestes potenciais impactos, a Associação Portuguesa do Sono (APS) publicou no seu site oficial um artigo sobre os efeitos da mudança da hora na saúde em que deixa alguns conselhos sobre hábitos para os minimizar.

Na semana anterior à mudança da hora, a APS aconselha a “seguir as rotinas habituais da ida para a cama e manter o mesmo horário para deitar (ganhando mais uma hora para dormir) se não tiver dificuldade na adaptação da transição”.

Quanto às crianças ou aos adultos com difícil adaptação à mudança da hora, recomenda-se que, “na quarta-feira anterior e durante 4 dias, se deite a criança 30 minutos mais tarde (deixando-a dormir mais 30 minutos na manhã seguinte, se possível)”, para depois, “no domingo à noite, deitá-la à hora habitual (na nova hora), ficando a dormir novamente no seu esquema próprio”.

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Além disso, pode ser boa prática “mudar a hora nos relógios no sábado à noite” e “seguir as rotinas das refeições e das atividades habituais”.

Já após a mudança horária, “sugere-se a manutenção de bons hábitos de sono”, como “evitar dormir a sesta, particularmente ao fim da tarde”, reforçar a exposição à luz natural de manhã e evitar a luz dos equipamentos eletrónicos à noite”.

Por fim, no mesmo artigo, a Associação Portuguesa do Sono posiciona-se a favor da “adoção permanente do horário de inverno por apresentar mais vantagens, como mais luz natural ao início da manhã, com efeitos benéficos para o ritmo de sono-vigília pelo maior alinhamento com o ciclo natural luz-escuro (maior facilidade em adormecer e acordar, atenuação do jetlag social); melhoria do desempenho profissional e escolar, melhoria da saúde mental, redução do risco da doença física (cancro, diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares, doenças neurodegenerativas, problemas da imunidade); redução de risco de acidentes e provável repercussão positiva para a economia”.

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Categorias:

saúde

Etiquetas:

Mudança da hora | saúde | Sono

28 Out 2022 - 03:31

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