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Morrer durante o sono: É comum? Quem corre maior risco?

10 Ago 2024 - 08:36

Morrer durante o sono: É comum? Quem corre maior risco?

As mortes que ocorrem durante o sono são, muitas vezes, associadas a uma paragem cardiorrespiratória. Perante este cenário, há quem se questione sobre a probabilidade de um episódio destes lhe acontecer. Mas será esta situação comum? Quem corre um maior risco de morrer durante o sono? E como pode esse risco ser reduzido?

Quem corre maior risco de morrer durante o sono?

Morrer durante o sono não é comum. No entanto, existem alguns problemas de saúde que podem aumentar o risco de morrer enquanto dorme.

Em esclarecimentos ao Viral, Susana Sousa, pneumologista e especialista em medicina do sono, começa por explicar que, “quando existe uma morte súbita durante o sono, na maior parte das vezes, há uma causa cardíaca, respiratória ou cerebral”.

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Muitas vezes, estas causas estão associadas a doenças, “nomeadamente patologias do sono não diagnosticadas, como a síndrome da apneia obstrutiva do sono” (saiba mais sobre esta doença neste artigo do Viral).

Em primeiro lugar, além de a apneia obstrutiva do sono “ser muito frequente” (ver aqui), também aumenta significativamente o risco de morte durante o sono, sendo a patologia do sono com maior impacto neste contexto.

Este risco deve-se não só aos próprios sintomas da apneia do sono, mas também a todas as complicações associadas à doença. 

Tal como se refere num texto informativo do Sistema Nacional de Saúde, uma apneia do sono não tratada contribui para “o aparecimento ou desenvolvimento de problemas cardiovasculares”, como “hipertensão arterial”, “diabetes mellitus”, “acidente vascular cerebral (AVC)”, “arritmias” e “insuficiência cardíaca”.

Isto acontece porque, explica Susana Sousa, “a apneia do sono caracteriza-se pela ocorrência de interrupções da respiração que vão acontecendo durante a noite, associadas a descidas de oxigénio”.

Estas descidas “levam a uma ativação do sistema nervoso autónomo” e a “uma resposta do ponto de vista cardiovascular”, através do “aumento da pressão arterial”, prossegue. 

Como as pessoas com apneia do sono não diagnosticada têm despertares constantes, causados pelas descidas de oxigénio, “o coração está sempre a ser posto à prova e a tentar reagir a estes fenómenos”. Isto, eventualmente, pode levar ao desenvolvimento de patologia cardiovascular.

Esta relação entre estas doenças cardiovasculares e apneia do sono é bidirecional, ou seja, além de a apneia do sono poder contribuir para o desenvolvimento de patologia cardiovascular, também pode acontecer o contrário.

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Por exemplo, “as pessoas com diabetes têm uma maior probabilidade de ter apneia de sono e a apneia de sono, por si só, também aumenta a probabilidade de ter diabetes”, salienta Susana Sousa.

Todas estas doenças contribuem individualmente para o aumento do risco de morte, seja durante a vigília, seja durante o sono. Portanto, uma pessoa com uma destas doenças pode ter um risco acrescido e quanto mais condições de saúde a pessoa tiver, maior o risco.

Como diminuir este risco?

Na perspetiva de Susana Santos, a primeira medida “é aumentar a informação e a literacia em relação a estas doenças e ao impacto que podem ter do ponto de vista de saúde global”.

No caso da apneia do sono, é importante “não normalizar” os três principais sintomas da doença, que são: “o ressonar, as interrupções da respiração e a sonolência diurna”, refere.

Na presença destes sintomas, “deve-se procurar ajuda médica, para se poder fazer um diagnóstico e começar o tratamento o quanto antes”.

Um tratamento atempado vai permitir reduzir o risco de complicações, como a morte durante o sono e “o aparecimento de outras doenças”, salienta a médica.

Além disso, acrescenta, “mesmo que as doenças já estejam instaladas”, um diagnóstico mais precoce “vai ajudar no tratamento dessas patologias”.

Prevenir a apneia do sono e reduzir o risco cardiovascular permite também diminuir o risco de morte durante o sono. As alterações relacionadas com o estilo de vida aplicam-se a todas estas doenças. 

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Segundo Susana Santos, “controlar o peso, não fumar, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, praticar exercício físico de forma regular, manter uma alimentação saudável e ter uma boa higiene do sono” são medidas essenciais na prevenção e no tratamento da apneia do sono e das doenças cardiovasculares (ver também aqui, aqui, aqui e aqui).

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Sono

10 Ago 2024 - 08:36

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