Falta de desejo sexual? Hábitos que podem aumentar a libido
Que fatores influenciam o desejo sexual? Há hábitos que podem aumentar a libido? Quais são? Duas sexólogas respondem a todas as questões.
A falta de desejo sexual pode afetar pessoas de diferentes faixas etárias ou contextos relacionais – como sexo a solo ou com parceiros – e ter consequências negativas no bem-estar.
Uma breve pesquisa no Google ou em redes sociais como o Facebook sugere que o problema é mais frequente do que se possa pensar. Mas o que diz a ciência sobre a falta de desejo sexual? Há hábitos que podem aumentar a libido? Quais são?
Quais os fatores que podem afetar o desejo sexual?
Em declarações ao Viral, a sexóloga, professora auxiliar no Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (ISPA) e investigadora no William James Center for Research, Ana Carvalheira, e a sexóloga e autora de vários livros sobre sexualidade, Vânia Beliz, começam por explicar que o desejo sexual é multifatorial e multidimensional.
Isto significa que “há muitos fatores a influenciar o interesse sexual”, tais como “aspetos biológicos, emocionais, cognitivos, relacionais, contextuais, entre outros”, descreve Ana Carvalheira.
Vânia Beliz lembra ainda que alguns destes fatores “são internos e outros são externos”. Exemplo de um estímulo externo com um efeito negativo no desejo sexual é o stress, apontado pelas duas especialistas como um fator que surge com frequência nos relatos que ouvem na prática clínica.
“O stress traz cansaço, traz desânimo e perda de energia”, justifica Ana Carvalheira.
Para a investigadora do ISPA e autora do livro Em Defesa do Erotismo, “o desejo tem que ver com o corpo, mas também com o cérebro”.
Assim, quando o corpo recebe estímulos – através de “dois metros quadrados de pele cheios de recetores que podem ser estimulados” ou de “um corpo genital onde está localizado o clitóris (a estrutura anatómica fundamental para o prazer das mulheres) ou da glande peniana dos homens” – é o cérebro que lhes “atribui um valor erótico”, que os “interpreta eroticamente”, descreve.
Quais os hábitos que podem aumentar o desejo sexual?
Assim como as razões para a falta de desejo sexual podem variar de pessoa para pessoa, também as soluções não são universais. Para Vânia Beliz, “não há receitas” e “o tratamento ou a intervenção vai ter que ser adequado à génese do problema”, o que torna “tão importante a consulta” para um correto diagnóstico, defende a sexóloga.
Hábitos como o cultivo da autoestima, a leitura de livros eróticos e a exploração do erotismo a solo ou em casal podem ajudar a aumentar o desejo sexual. No entanto, as duas sexólogas concordam que praticar sexo com frequência é um dos hábitos mais eficazes para aumentar o desejo sexual.
A investigadora do ISPA explica-o com base no ciclo do desejo: “Quanto mais pratico, mais interesse tenho. Quanto mais interesse tenho, mais hormonas (como a testosterona e outras) o meu corpo produz. Quanto mais hormonas, mais interesse. Logo, mais excitação e mais rewarding [recompensa]… É um ciclo”.
Ana Carvalheira refere também o hábito de explorar diferentes zonas erógenas. “É preciso um investimento maior no erotismo”, o que pode ser feito “com o casal a descobrir o que mais excita cada um deles” e a explorar diferentes aspetos do erotismo, sendo “muito comum, no feminino, fazer-se de componentes como o mistério, a surpresa, o risco, a transgressão, a aventura”.
Já para a autora do livro Chamar as Coisas pelos Nomes, uma estratégia que pode favorecer o desejo sexual é a literatura erótica.
“Veja-se o sucesso d’As 50 Sombras de Grey”, aponta Vânia Beliz, justificando que “a mulher ter oportunidade de ler alguma coisa que a faça pensar na fantasia e no sexo pode ser importante” para aumentar o desejo.
Não obstante estas estratégias, Vânia Beliz sublinha a importância de “desmistificar a ideia de que todas as pessoas fazem muito sexo” e que a prática menos frequente é sinónimo de algum problema individual ou relacional.
“Vendem-nos a ideia de que todas as pessoas são sexualmente muito ativas e isso cria frustração”, sustenta.
Por fim, Ana Carvalheira destaca ainda os hábitos associados à dimensão biológica, ou seja, “ter um corpo saudável com uma alimentação que traga saúde, um corpo bem descansado, bem dormido, bem nutrido e, sobretudo, sem fatores de stress”.
Sexualidade a solo versus sexualidade em contexto relacional
A sexualidade a solo pode influenciar positivamente o desejo sexual? Um estudo propôs-se a compreender a realidade portuguesa sobre a masturbação feminina através de uma amostra com 3687 mulheres.
Foram analisados vários fatores como a idade em que as mulheres iniciam a masturbação, a frequência com que se masturbam e as motivações que desencadeiam esta prática sexual, entre outros.
As investigadoras concluíram que “há uma associação entre a prática frequente de masturbação e níveis mais altos na frequência de relações sexuais, sexo oral, mais excitação e mais fantasias sexuais”.
“A prática da masturbação também está associada a uma menor dificuldade em ter excitação e menos inibição sexual”, lê-se nas conclusões.
Questionadas quanto à frequência da masturbação, 34% das mulheres inquiridas dizem masturbar-se menos de uma vez por mês. Apesar destes números, a investigadora Ana Carvalheira destaca, em declarações ao Viral, a importância de as mulheres “terem uma sexualidade a solo, estarem conectadas com o corpo genital, reconhecerem-no e terem uma autoimagem genital positiva”.
Outro trabalho científico propôs-se a analisar o desejo sexual masculino em Portugal, Croácia e Noruega. As conclusões mostram que a prática da masturbação não parece ter uma relação com a falta de desejo sexual e que o aborrecimento de uma relação de longa duração é a principal causa para o decréscimo na satisfação sexual.
Com uma amostra de 4160 noruegueses dos 18 aos 89 anos, dois investigadores tentaram estabelecer uma ligação entre a masturbação e a satisfação sexual. As conclusões apontam para que, “apesar de ser de extrema importância”, a relação entre a frequência da masturbação e a satisfação sexual “não evolui necessariamente na mesma direção”.
Em suma, e em linha com a opinião das sexólogas consultadas pelo Viral, a sexualidade a solo pode influenciar positivamente o desejo sexual, mas essa consequência não é linear, visto que se trata de uma questão “multifatorial”.
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