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Eutanásia de animais de estimação. Como saber que chegou a hora?

4 Abr 2023 - 10:51

Eutanásia de animais de estimação. Como saber que chegou a hora?

Cães, gatos e outros animais de estimação são vistos por muitos como membros da família, que completam o ambiente familiar, ajudam a reduzir emoções negativas e estimulam a prática de exercício físico dos seus tutores. Daí que o momento em que surge a hipótese da eutanásia do animal seja tão doloroso para as famílias.

Nos últimos anos, a esperança média de vida dos animais de estimação tem vindo a aumentar, com a evolução do conhecimento científico sobre as principais patologias que afetam a saúde animal, com o desenvolvimento da medicina veterinária e da tecnologia que a apoia e com uma maior sensibilização da sociedade em relação aos cuidados que os animais devem ter. 

No entanto, a idade avançada e os problemas de saúde associados como a mobilidade condicionada, o aparecimento de tumores cancerígenos, dificuldades respiratórias, entre outros, levantam a hipótese da eutanásia como forma de por fim ao sofrimento dos animais e dos próprios tutores que acompanham a situação. Como saber que chegou a hora de eutanasiar o seu animal de estimação?

Como saber que chegou a hora de eutanasiar o seu animal de estimação?

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Em declarações ao Viral, a Vice-Presidente da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) e diretora clínica do Hospital Veterinário do Atlântico em Mafra, Sónia Miranda, e a diretora clínica do Hospital Veterinário +Ani+ em São Pedro de Fins, Sara Curvelo, concordam que a eutanásia animal é uma decisão complexa.

Antes de mais, as duas especialistas em Medicina Veterinária desmistificam a ideia de que este procedimento está quase sempre associado à idade avançada dos animais. É possível um animal idoso ter bem-estar, assim como é possível uma situação clínica não reversível surgir num animal jovem. 

Posto isto, a eutanásia constitui um “tema muito particular”, aponta a Vice-Presidente da Ordem dos Médicos Veterinários. 

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Se, por um lado, “o bem-estar animal é essencial, assim como o conforto e a qualidade de vida”, os médicos veterinários têm “a responsabilidade de saber ver em que momento é que já não é possível dar qualquer tipo de alternativa ou resposta clínica” que promova esse estado no animal, expõe.

Na visão da diretora clínica do Hospital Veterinário +Ani+, Sara Curvelo, “quando chegar a altura certa os donos não vão ter dúvidas”. Isto porque ,“tanto pelas análises clínicas e pelos exames quanto a nível emocional e afetivo, percebe-se quando tem de ser”.

Sara Curvelo sublinha que, antes de tomar esta decisão, “é preciso ver se há margem para tentar alguma medicação e se o animal ainda responde a algum tratamento”, pelo que “nós [veterinários] também nos reservamos o direito de não o fazer se não concordarmos”.

“Quando chega a altura, não restam dúvidas, sobretudo quando, enquanto médicos, olhamos para um estado clínico que não conseguimos reverter”, conclui também a diretora clínica do Hospital +Ani+.

Ainda sobre a indecisão em relação ao momento certo, a representante da OMV começa por reconhecer que “há uma tendência da consciência dos tutores para se sentirem sem saber qual o caminho a tomar perante um quadro destes”. 

A especialista destaca, nesses momentos, o papel dos profissionais de Medicina Veterinária que devem “fazer o devido enquadramento aos tutores daquilo que são as possibilidades médicas e do prognóstico em termos de saúde e bem-estar a longo prazo do animal”.

Apesar de cada caso ser um caso, na visão das duas especialistas consultadas pelo Viral, a hora de eutanasiar um animal de estimação chega quando a situação de saúde se torna irreversível, não havendo mais a fazer que assegure o bem-estar.

A idade deve ser considerada na eutanásia?

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Segundo as duas especialistas, a idade do animal não é um critério único nem o mais importante no momento de optar pela eutanásia. O que acontece é que, à semelhança dos humanos, “as probabilidades de recuperação e de resposta diminuem com os anos de vida”, explica a diretora clínica do Hospital +Ani+. 

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Muitas vezes, a idade pode “estar relacionada com alguma doença ou complicação de saúde”. Assim, “se formos a considerar exclusivamente a idade, então os animais morrem de velhinhos por causas naturais”, justifica Sara Curvelo.

No mesmo prisma, a Vice-Presidente da Ordem dos Médicos Veterinários defende que a idade “não pode ser vista como um parâmetro fechado”. 

Esta visão “não faz sentido perante a quantidade de respostas e cuidados paliativos que existem hoje em dia, importantíssimos para a fase final da vida” dos animais. A eutanásia deve ser considerada “se não houver possibilidade médica de resposta para que o tempo posterior de vida seja de qualidade”, aponta.

Como funciona a eutanásia animal?

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Apesar de difícil para os donos pela ligação afetiva, a eutanásia é um processo rápido e indolor para os animais. Através de um cateter, é administrada uma substância anestésica (pentobarbital) que faz com que os animais “percam os sentidos e, posteriormente, dá-se a paragem cardiorrespiratória”, descreve Sara Curvelo.

Também é “muito comum darmos um sedativo anterior que acalma o animal, em situações de alterações cognitivas em que o animal está agitado” ou de agressividade, explica a diretora clínica do Hospital Veterinário do Atlântico. 

“Nesses casos, o sedativo provoca um estado mais calmo e relaxante” para uma despedida mais tranquila.

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Desde que é administrado o fármaco até que o animal deixa de respirar passa menos de um minuto. “Acho que a maior parte dos tutores não tem ideia do quão rápido é. O animal perde de imediato a consciência, adormece e a paragem cardiorrespiratória dá-se ao fim de 30 ou 40 segundos”, explica Sara Curvelo.

O procedimento pode ser feito em meio clínico ou em casa, com a deslocação de um veterinário ao domicílio. No momento da administração do fármaco, os donos podem estar presentes e acompanhar o processo. Independentemente da opção tomada, a diretora clínica do +Ani+ sublinha que “cada pessoa tem a sua forma de viver as suas emoções e nós tentamos ao máximo respeitar isso”.

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4 Abr 2023 - 10:51

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