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Dormir de luz acesa faz mal à saúde? Quais os riscos?

23 Fev 2023 - 10:05

Dormir de luz acesa faz mal à saúde? Quais os riscos?

Uma lâmpada acesa no corredor, uma pequena luz de presença ou uma televisão ligada são algumas estratégias usadas por quem não consegue abdicar de dormir de luz acesa. Mas será este hábito saudável ou prejudicial?

Dormir de luz acesa faz mal à saúde? Quais os potenciais riscos de dormir a noite inteira com claridade? Em declarações ao Viral, Vânia Caldeira, pneumologista e especialista da Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPN), esclarece estas e outras dúvidas sobre o tema.

É verdade que dormir de luz acesa faz mal?

dormir de luz acesa

Sim, “aquilo que os estudos nos dizem é que é prejudicial dormir com luzes acesas”, garante Vânia Caldeira. 

Aliás, “há uma relação muito bem estudada entre o sono e a luz”, salienta. Existe uma coisa que se chama “ritmo circadiano”, que, “no fundo, nos indica quando devemos estar em vigília”, ou seja, quando é necessário estarmos acordados, “ou quando é altura de dormir”.

O ritmo circadiano humano “tem vários marcadores externos” e o “principal”, isto é, o que “tem mais influência, é a luz”, esclarece. Por isso, “é fundamental termos uma boa exposição à luz durante a manhã”, pois a luz provoca um estímulo que permite “acordar”

Por outro lado, à noite deve-se fazer exatamente o contrário, ou seja, deve-se evitar ao máximo a exposição à luz. 

A especialista admite, contudo, que evitar a luz à noite é cada vez mais difícil: “Durante muitos anos os humanos habituaram-se a viver com a luz natural e agora a luz entra pelas nossas casas a toda a hora, através dos dispositivos eletrónicos e da própria eletricidade.”

Mesmo sendo um hábito difícil de adotar, “o ideal é reduzir a exposição à luz ao anoitecer”. Isto porque “faz parte de uma boa higiene do sono” criar um “ambiente o mais tranquilo possível, sem ruído e sem luz”, de forma a permitir um sono “de qualidade e reparador”.

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Assim, a médica do sono aconselha que se utilizem poucas luzes (e se opte por luzes fracas) ao anoitecer. “Isto é uma forma de nós começarmos a ganhar sono naturalmente, percebermos que estamos a acalmar o ritmo e prepararmo-nos o melhor possível para dormir”, defende.

Quais os potenciais riscos da exposição a luzes fortes ao final do dia?

dormir de luz acesa

Em primeiro lugar, para as pessoas mais suscetíveis, um dos riscos da exposição a luzes fortes ao final do dia é “o desalinhamento do ritmo circadiano”. Ou seja, a exposição intensa à luz no final do dia, “pode provocar insónias”, alerta a pneumologista da SPN. Mais prejudicial será ainda se essa luz for emitida dos dispositivos eletrónicos. 

Porque é que isto acontece? A luz vai diminuir a produção da melatonina – a hormona responsável pela regulação do ritmo circadiano e pela estimulação do sono.

Depois, “tudo aquilo que nos causa algum tipo de disrupção durante a noite, como o ruído e a luz, fragmenta-nos o sono”. Basta “alguém ir abrindo a porta do quarto onde se está a dormir várias vezes e entrar luz”, exemplifica.

Por um lado, se a pessoa acordar, “pode haver dificuldade em voltar a adormecer”. Além disso, podem ocorrer os chamados “microdespertares”. Nestes casos, a pessoa “não desperta realmente, mas acorda cansada na manhã seguinte, com a sensação de que o sono não foi reparador”.

Para mais, está estudado que tudo o que fragmenta o sono “vai ter muito impacto do ponto de vista cardiovascular”, aponta Vânia Caldeira. Há ainda o “risco de aumento da tensão arterial durante a noite e o descontrolo metabólico, que se associa, por exemplo, à diabetes. 

Não só a nível físico, mas também ao nível da saúde mental, a qualidade do sono pode influenciar quadros de ansiedade e depressão, por exemplo.

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Há tipos de luzes mais prejudiciais que outras?

dormir de luz acesa

A pneumologista clarifica que “só o facto de haver presença de luz pode ser mau”, porque “os recetores da retina captam a presença de luz”, mesmo que se esteja a dormir. 

Agora, de facto, a pior luz na hora de dormir é “a do espectro azul”, garante a especialista em sono. Este tipo de luz pode ser encontrado, por exemplo, nos dispositivos eletrónicos cujo uso deve ser reduzido nas horas que antecedem o momento de adormecer.

Apesar de haver riscos associados à presença de qualquer tipo de luz enquanto se dorme, quem não consegue abdicar do conforto da claridade deve optar por pequenas luzes de presença. Até porque, explica a investigadora, às vezes a única forma de algumas crianças conseguirem dormir sem os cuidadores é através da presença de uma pequena luz no quarto.

Os outros dois fatores que podem potenciar maior risco são a “duração de exposição à luz” enquanto se dorme e a “intensidade” da mesma. Vânia Caldeira reforça que “passar a noite com uma luz ligada”, seja ela qual for, pode ser prejudicial à saúde.

Apesar dos riscos associados à presença de luz enquanto se dorme, a médica assinala ser necessário ter em conta que “há muita variabilidade no sono”. Isto significa que há pessoas muito mais suscetíveis a estes riscos do que outras. Assim, o mais prudente é evitar a exposição contínua à luz desde o anoitecer, sempre que possível.

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Sono

23 Fev 2023 - 10:05

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