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Dia do Cérebro: Sono e saúde cerebral são melhores amigos. Entenda porquê

22 Jul 2024 - 10:06

Dia do Cérebro: Sono e saúde cerebral são melhores amigos. Entenda porquê

 

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A importância que o sono tem na saúde já não é uma novidade. Além de influenciar o bem-estar geral, uma boa higiene do sono tem um papel protetor no desenvolvimento de várias doenças. No Dia Mundial do Cérebro, exploramos o impacto o impacto do sono na saúde mental e nas várias funções cerebrais.

Qual o impacto do sono na saúde do cérebro?

Em declarações ao Viral, a neurologista Leonor Dias começa por adiantar que “o sono tem muitos benefícios a nível multissistémico”. 

Se, por um lado, um sono de qualidade tem um impacto bastante positivo em várias funções cerebrais, por outro, a privação de sono, ou uma má higiene do sono, podem ter consequências negativas nessas mesmas funções. Mas de que forma é que o sono influencia os vários processos cerebrais?

1 – Atenção, concentração e velocidade de reação

A nível cerebral, o sono “é importante na manutenção da função cognitiva”, em que se insere “a atenção, a concentração e a velocidade de processamento e reação”, salienta Leonor Dias.

Por isso, “pessoas que sofrem de privação de sono – seja ela temporária, aguda ou crónica” – além de experienciarem “sonolência diurna excessiva e alterações de humor”, a sua “concentração”, “atenção”, “velocidade de reação e processamento” também ficam comprometidas.

A neurologista dá o exemplo dos doentes com apneia do sono. O facto de estas pessoas “terem uma fragmentação de sono importante durante a noite” faz com que sejam “mais propensas a ter acidentes de viação”.

Isto porque a privação de sono tem o tal “impacto na velocidade de reação”, realça a médica.

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2 – Consolidação das memórias

Durante o sono, o cérebro processa as informações recebidas durante a vigília. Daí a importância de um sono reparador, tanto “em processos de aprendizagem como na consolidação de memórias”, avança Leonor Dias.

Segundo a neurologista, “certos tipos de circuitos neuronais, que existem no hipocampo [uma estrutura do cérebro]”, têm um papel essencial na aprendizagem e na formação de novas memórias.

Como este processo ocorre durante o sono, “a privação de sono pode ter algum efeito adultério nesse sentido”, destaca a médica.

3 – Doenças neurodegenerativas 

Leonor Dias refere que o sono também tem um papel relevante “na manutenção de redes neuronais”.

A especialista explica que, “durante o sono, sobretudo no período de sono profundo, ocorrem vários processos”, a nível cerebral, que “removem alguns agentes tóxicos que se vão acumulando durante o dia”.

Essa função é fundamental para a manutenção da saúde do cérebro já que, do ponto de vista científico, se tem demonstrado “uma associação entre esses agentes tóxicos e algumas alterações cognitivas” negativas.

Não há uma causalidade, mas parece haver “uma associação entre quer um excesso de número de horas de sono, quer uma privação de sono e alguns processos neurodegenerativos”, realça Leonor Dias.

Esta relação entre o sono e o cérebro é “bidirecional”, segundo um texto informativo da Associação Americana do Cérebro. 

“O nosso cérebro e o nosso corpo regulam o nosso sono e os nossos ritmos circadianos. Do mesmo modo, o nosso sono e os nossos ritmos circadianos afetam o nosso cérebro e o nosso corpo”, refere-se no mesmo texto. 

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Alguns estudos indicam que “a disfunção do sono e do ritmo circadiano, como o sono fragmentado ou os despertares noturnos, pode ser um fator de risco” para doenças cerebrais, como “a doença de Alzheimer e a doença de Parkinson”, acrescenta-se.

4 – Risco cardiovascular

Além do risco de alterações cognitivas e do desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, a privação de sono, muitas vezes causada por condições “como a apneia do sono, pode aumentar o risco de doenças vasculares, diabetes e obesidade”, salienta Leonor Dias.

De facto, alguns estudos têm demonstrado, por exemplo, uma associação bidirecional entre as patologias do sono e o acidente vascular cerebral (ver aqui, aqui e aqui).  

5 – Saúde mental

O sono, sobretudo o sono REM (profundo), tem um grande impacto no bem-estar emocional. Por isso, salienta Leonor Dias, “a privação de sono também pode ter algum efeito nesse contexto, a nível do humor ou da ansiedade”, por exemplo.

Isto porque, refere-se num texto da Associação Americana do Coração, “as perturbações do sono afetam os níveis de neurotransmissores e de hormonas do stress, o que pode dificultar a regulação das emoções”.

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Além disso, “os problemas de sono podem aumentar o risco de desenvolver certas doenças mentais, como a depressão e a ansiedade”, acrescenta-se. 

Mas, mais uma vez, esta relação também acaba por ser bidirecional. “Uma hiperativação”, causada por momentos de maior ansiedade, também “dificulta o próprio processo do adormecimento”, explica Leonor Dias.

Da mesma forma que as patologias do sono podem potenciar a ansiedade, por exemplo, também uma boa higiene do sono pode ajudar a melhorar condições de saúde mental.

Categorias:

Neurologia

22 Jul 2024 - 10:06

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