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Guardar frutas e vegetais em água tem riscos para a saúde? Como armazenar estes alimentos?

6 Fev 2023 - 10:07

Guardar frutas e vegetais em água tem riscos para a saúde? Como armazenar estes alimentos?

Nas redes sociais aconselha-se a colocar cenouras, abacates e até limões dentro de frascos ou caixas herméticas com água antes de serem guardados no frigorífico. Segundo várias publicações, esta técnica de conservação permite que as frutas e os legumes fiquem “frescos” durante mais tempo. Mas os especialistas aprovam este método?

É verdade que conservar alimentos em água no frigorífico permite que eles durem meses? Esta técnica é segura?

em água

O risco desta técnica de conservar alimentos em água não compensa a possível extensão do tempo de frescura dos alimentos. Em declarações ao Viral, dois especialistas na área não recomendam o armazenamento de produtos hortofrutícolas em água.

Por um lado, André Rosário, professor da NOVA Medical School (NMS) na área da nutrição (Segurança e Qualidade Alimentar) e investigador do CINTESIS e do RISE – Rede de Investigação em Saúde, defende que “o risco para a segurança dos consumidores, por contaminação destes produtos, é muito superior a qualquer eventual benefício”.

Tendo em conta que “o meio líquido promove a proliferação de microrganismos patogénicos”, esta técnica “não é segura”, reforça André Rosário.

Além disso, acrescenta, “esta situação pode ser ainda agravada pela eventual existência de nutrientes em solução (escorrências de hortofrutícolas cortados ou danificados), bem como as oscilações de temperatura durante o seu armazenamento”.

Noutro plano, a nutricionista e mestre em Alimentação Coletiva Lúcia Figueiredo adianta parecer-lhe “desnecessário conservar frutos e hortícolas em água no frigorífico, inclusive devido ao gasto excessivo de água que essa ação acarreta”. 

Qual a forma correta de conservar os alimentos no frigorífico?

Segundo o investigador do CINTESIS, “a melhor forma de conservar os produtos hortofrutícolas no frigorífico passa por mantê-los devidamente separados, idealmente acondicionados em diferentes recipientes”.

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Este método é vantajoso porque, por um lado, evita que os alimentos “sejam danificados ou contaminados pelo contacto direto”. Por outro lado, previne “a aceleração do processo de amadurecimento provocado pelo etileno (produzido por alguns hortofrutícolas)”.

Além de ser importante separar os hortofrutícolas por diferentes embalagens, é também imprescindível “separar estes alimentos – em especial aqueles que serão consumidos crus – das carnes e peixes crus, de forma a evitar a contaminação cruzada”, salienta. 

Na visão de André Rosário é também fundamental “ter em atenção o estado dos hortofrutícolas antes de estes serem armazenados no frigorífico”. Deve-se remover aqueles que estejam visivelmente danificados, e evitar a sua manipulação excessiva, de modo a prevenir danos físicos, que contribuem bastante para a sua posterior deterioração”.

Também no momento do consumo e do armazenamento, explica Lúcia Figueiredo, é necessário verificar se as “frutas e os hortícolas têm cor e cheiro normais e característicos e se não apresentam danos, bolores ou outras alterações duvidosas que possam pôr em causa a saúde de quem as consome”. 

“Regra geral”, realça o professor da NMS, “deve-se ainda evitar armazenar os produtos hortofrutícolas molhados no frigorífico, uma vez que o excesso de humidade irá promover o desenvolvimento de microrganismos e a sua deterioração”.

Por fim, no momento de cozinhá-los “é igualmente importante higienizar adequadamente as mãos, as superfícies, e os utensílios utilizados na sua preparação”, destaca o especialista. 

Se possível, aconselha, deve-se “usar uma tábua de corte específica para esses produtos frescos, distinta da utilizada na preparação de carnes cruas, aves e peixes”.

Nem todos os hortofrutícolas têm de ser conservados num ambiente frio

Lúcia Figueiredo esclarece que “a conservação dos alimentos tem como objetivo aumentar a sua durabilidade e prevenir a sua alteração”. 

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Os vários métodos de conservação – como a secagem e a exposição a temperaturas frias – “inibem a proliferação de microrganismos, ao protegerem contra ação nefasta de agentes do meio e impedirem reações químicas e/ou bioquímicas, ou evitando o ataque de pragas”. 

Em comparação com os alimentos de origem animal – “com maior carga microbiana e associados a problemas de segurança alimentar” – “as frutas e os hortícolas não se degradam tão facilmente”, avança.

Contudo, o que “facilita a sua degradação” é o facto de “terem algum teor de água na sua composição”, alerta. 

Segundo a nutricionista, alguns hortofrutícolas “devem ser conservados na parte de baixo do frigorífico, na zona onde normalmente fica mais frio, de forma a conservar estes alimentos e retardar reações que promovam o seu amadurecimento”.

Ainda assim, algumas frutas, “como o limão, mantêm uma boa conservação à temperatura ambiente, pelo que nem é necessário conservar no frio”.

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Alimentação

6 Fev 2023 - 10:07

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