“Calo solar”: Tendência do TikTok “é falsa”, perigosa e preocupa especialistas
Defende-se em vários vídeos publicados no TikTok que “qualquer pessoa, exceto pessoas com albinismo, consegue desenvolver um ‘calo solar’” – ou seja, passar a “tolerar a exposição ao sol” sem se queimar e sem usar proteção solar – ao aumentar progressivamente o tempo que se expõe ao sol.
Num destes vídeos, alega-se, por exemplo, que “uma das melhores formas de reduzir o risco de queimaduras é apanhar mais sol, especialmente de manhã”.
Outro método sugerido por um dos criadores de conteúdos passa por “olhar para o sol e ‘absorver’ os raios solares, durante 10 a 15 minutos, nas primeiras horas da manhã, entre as 07h00 e as 10h00, e, nas horas mais intensas, das 12h00 às 15h00, aumentar gradualmente o tempo que passa ao ar livre”.
Contudo, tal como os especialistas têm vindo a alertar, estas afirmações não têm validade científica, vão contra todas as recomendações das principais organizações de saúde nacionais e internacionais e são perigosas. Em declarações ao Viral, a dermatologista Diana Miguel explica os riscos desta tendência.
O termo “calo solar” não tem validade científica e é perigoso
Questionada sobre a veracidade das afirmações partilhadas nestes vídeos, a dermatologista Diana Miguel começa por explicar que o termo ‘calo solar’ não é reconhecido pela comunidade médica e “não tem validade científica”. Além disso, sublinha, ninguém consegue “desenvolver uma resistência à exposição solar”.
A especialista adianta que “não é possível que a pessoa se “habitue” ao sol, assim como, não existe um bronzeado seguro ou saudável”.
“A radiação ultravioleta (UV) do sol é comprovadamente cancerígena para os seres humanos, um bronzeado ou uma queimadura solar corresponde sempre a uma lesão de DNA”, sustenta.
No mesmo sentido, na página do European Code Against Cancer (Código Europeu contra o Cancro), escreve-se que “o bronzeado da pele é uma reação protetora da pele aos danos causados pela radiação ultravioleta (UV) do sol ou de fontes artificiais intensas de UV (como os solários)”.
Logo, lê-se no mesmo texto, “uma pele bronzeada é um sinal de danos causados pelo sol e não existe um ‘bronzeado saudável’”.
Tal como Diana Miguel já tinha explicado ao Viral, em declarações anteriores, hoje, sabe-se que as radiações ultravioleta A e B levam “a um aumento do stress oxidativo ao nível da pele e, consequentemente, a alterações do nosso DNA celular” que podem resultar em cancro de pele.
Diana Miguel avança também que “é falsa” a ideia de que uma das melhores formas de reduzir o risco de queimaduras é apanhar mais sol, especialmente de manhã, já que “os danos causados pelo sol são cumulativos independentemente de a exposição ao sol ocorrer de manhã ou de tarde”.
“Portanto, até mesmo alguns minutos diários de exposição intencional e sem proteção logo de manhã podem aumentar o risco de cancro de pele e causar envelhecimento precoce da pele”, continua.
Quanto ao método que sugere olhar para o sol e “absorver” os raios solares de manhã, a médica lembra que “não se deve olhar diretamente para o sol” e que, embora nas primeiras horas da manhã o índice de radiação UV seja mais baixo, isso “não significa que a pessoa se deve expor sem uso de proteção solar”, dado que, tal como já tinha referido “haverá sempre dano de DNA que se vai acumulando após cada exposição ao sol”.
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