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Demência frontotemporal. 5 perguntas e respostas sobre a doença que afeta Bruce Willis

22 Mar 2023 - 04:36

Demência frontotemporal. 5 perguntas e respostas sobre a doença que afeta Bruce Willis

O termo demência frontotemporal (FTD na sigla inglesa) ganhou destaque depois de Emma Heming Willis, a mulher de Bruce Willis, ter anunciado que o ator norte-americano foi diagnosticado com essa doença.

Num vídeo publicado no dia de aniversário do artista, Emma partilha as dificuldades e os momentos de tristeza diários que vive desde que o diagnóstico chegou. Ao mesmo tempo, através da hashtag #ftdawareness, chama a atenção para a necessidade de sensibilizar e consciencializar a população para a doença.

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Mas, afinal, o que é a demência frontotemporal? O que a distingue de outros tipos de demência? Existe tratamento para a FTD? Em declarações ao Viral, o vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia, Rui Araújo, esclarece todas as questões.

O que é a demência frontotemporal (FTD)?

Nas palavras de Rui Araújo, a demência frontotemporal “é uma doença neurológica em que há uma lesão progressiva dos neurónios (e, portanto, a morte desses neurónios) que se caracteriza por uma alteração ou do comportamento, ou da linguagem”.

Segundo a informação disponível no site do Instituto Nacional sobre o Envelhecimento dos Estados Unidos da América (NIA), o termo demência frontotemporal surge do facto de esta situação ser resultado “de danos nos neurónios nos lobos frontal e temporal do cérebro”.

Rui Araújo acrescenta, por isso, que “a parte frontal está associada ao comportamento” e “a parte temporal está associada à linguagem”.

Assim sendo, reforça o neurologista, a FTD “é uma situação neurológica degenerativa, progressiva, em que existe tendencialmente uma afetação ou do comportamento, ou da linguagem”.

Que alterações podem acontecer no comportamento?

No que diz respeito à parte comportamental, a FTD pode manifestar-se de várias formas. 

A título de exemplo, adianta Rui Araújo, “a pessoa pode ficar mais suscetível a comer doces, ter dificuldade em inibir certos comportamentos (nomeadamente de índole sexual), sentir-se mais desinibida e começar a fazer gastos excessivos ou compras exageradas”.

Pode também verificar-se “uma alteração da personalidade”. Isto é, “uma pessoa que antes era relativamente pacata e tímida pode passar a ser muito extrovertida e muito exuberante”, avança.

Quais as possíveis alterações na linguagem?

Quanto às consequências na linguagem, o doente pode “ter dificuldade em perceber aquilo que lhe é dito”, ou seja, em “descodificar os sons” e os “códigos da linguagem”.

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Além disso, completa Rui Araújo, “uma das outras formas de afetação da linguagem é a capacidade de se expressar que é perdida”.

“Ou seja, a pessoa também é incapaz de se explicar adequadamente, usa os termos errados – dizendo, por exemplo, “caneta” quando queria dizer “rato”. Vai buscar palavras diferentes, porque o acesso do cérebro à linguagem está afetado”, sustenta.

O que distingue a FTD de outros tipos de demência?

Ao contrário do que acontece na doença de Alzheimer, clarifica o neurologista, na demência frontotemporal a questão dominante “não é propriamente o defeito de memória, mas sim as alterações quer do comportamento, quer da linguagem”.

Ainda assim, vinca, essas “dificuldades da memória também podem existir”, mas não na mesma proporção das alterações do comportamento e da linguagem.

Noutro plano, frisa, embora a idade seja um “fator de risco importante” na FTD, esta é “uma demência que, tendencialmente, aparece em pessoas mais jovens comparativamente com outras demências como, por exemplo, a doença de Alzheimer”, podendo surgir “ali pelos 45-50 anos”.

Num texto publicado no site do Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS) lê-se que “a maioria dos casos são diagnosticados em pessoas com idades compreendidas entre os 45-65 anos, embora possa também afetar pessoas mais jovens ou mais velhas”.

Existe tratamento para a demência frontotemporal?

O vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia adianta que “apesar de, infelizmente, não haver um tratamento específico que trave a doença, existem tratamentos que podem ajudar os doentes”.

“Há vários medicamentos que podem ajudar a tratar alguma parte dos sintomas da doença”, continua.

Tendo em conta que “pode haver depressão associada à demência”, podem ser administrados “antidepressivos nesse sentido”. 

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Por outro lado, conclui, existem também medicamentos “para controlar, por exemplo, estas alterações do comportamento, esta desinibição muito grande”.

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Neurologia

22 Mar 2023 - 04:36

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