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Beber no avião: Porque sentimos mais o efeito do álcool num voo?

12 Ago 2024 - 09:23

Beber no avião: Porque sentimos mais o efeito do álcool num voo?

O consumo de bebidas alcoólicas, numa primeira fase, pode ter um efeito de desinibição e até causar um estado de euforia. Se a pessoa continuar a beber, começa a sentir uma lentificação e uma alteração do seu estado de consciência. O tempo de progressão dessas fases depende de muitos fatores, como o próprio organismo da pessoa e a quantidade de álcool que ingere. 

No entanto, há quem tenha a perceção de que sente mais o efeito do álcool (e mais rapidamente) quando bebe durante um voo. Como termo de comparação, há pessoas que defendem que beber uma bebida alcoólica num avião é o mesmo que beber duas em terra. Mas porque é que a sensação de embriaguez é mais evidente durante um voo?

Porque sentimos mais rápido os efeitos do álcool durante um voo?

Em esclarecimentos ao Viral, Paulo Carrola, coordenador do Núcleo de Estudos das Doenças do Fígado da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), explica que “a sensação de embriaguez num voo é mais elevada do que no solo, para a mesma quantidade de álcool, devido à pressurização das cabines”.

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Por outras palavras, adianta, como “a quantidade de oxigénio é menor neste contexto do que no solo, o efeito dos níveis de alcoolemia são aumentados”.

Num texto publicado num site que pertence ao serviço de saúde da Universidade de Columbia, esclarece-se que este ambiente de pressão reduzida, por si só, “diminui a capacidade do corpo para absorver oxigénio e pode provocar tonturas ou outros sintomas do ‘mal de altitude’ em algumas pessoas” – uma condição chamada hipoxia

No fundo, “os sintomas menores da hipoxia” são semelhantes aos que se verificam após o consumo de álcool.

Por isso, destaca-se, é provável que a sensação aumentada de embriaguez se deva aos “efeitos cumulativos dos níveis mais baixos de oxigénio” e do consumo de álcool.

Outro aspeto a considerar “é o facto de o ar nos aviões ser normalmente muito seco”, aponta-se no mesmo texto. Se acrescentarmos o impacto diurético do álcool, “uma pessoa pode ficar desidratada mais rapidamente [no ar] do que em terra”, sustenta-se. 

Beber álcool num voo pode ter riscos acrescidos

Paulo Carrola defende que “o consumo de bebidas alcoólicas não é recomendado nos voos ou fora deles”, porque “está associado a maior risco de eventos cardiovasculares e outros problemas de saúde”. 

Aliás, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) “nenhum nível de consumo de álcool é seguro para a saúde” (ver aqui).

Num texto informativo, a OMS informa que “o consumo de álcool está associado a riscos de desenvolvimento de doenças não transmissíveis, como as doenças do fígado, as doenças cardíacas e diferentes tipos de cancro, bem como a problemas de saúde mental e comportamentais, como a depressão, a ansiedade e as perturbações relacionadas com o consumo de álcool”.

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Em caso grave de intoxicação por álcool, refere-se no site do Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), pode ocorrer “a perda de consciência, o coma e, inclusivamente, a morte por depressão cardiorrespiratória”.

Segundo Paulo Carrola, “alguns trabalhos associam também o consumo de álcool nos voos a maior risco de tromboembolismo venoso”, ou seja, “a formação de coágulos sanguíneos que obstruem vasos profundos” (ver aqui, aqui e aqui).

Um dos fatores que poderá contribuir para este risco é “a desidratação, que já é promovida pela baixa humidade da cabine e é agravada pelo consumo de álcool”, esclarece o médico.

Um estudo de junho deste ano apurou que a combinação de álcool e hipoxia durante o voo “reduziu a qualidade do sono, pôs em causa o sistema cardiovascular e levou a uma duração prolongada da hipoxemia”.

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12 Ago 2024 - 09:23

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