Andar de avião pode danificar a audição? Perceba o que é (e como prevenir) um barotrauma
Quando viaja de avião costuma ter dores de ouvidos e sente-os entupidos ou tapados? Esses são sintomas frequentes da mudança de altitude e de pressão. No entanto, se a dor e a sensação de “entupimento” permanecerem ou se agravarem, pode ter sofrido um barotrauma do ouvido. A que se deve esta lesão? Pode prejudicar a audição? Como prevenir e tratar um barotrauma?
O que é um barotrauma do ouvido? Quais as causas?
Num texto publicado no site da Escola de Medicina da Universidade de Harvard explica-se que um barotrauma (ou barotraumatismo) é uma lesão causada “pelo aumento da pressão do ar ou da água” (ver também aqui, aqui e aqui).
Este tipo de lesão do ouvido é comum e pode ocorrer, por exemplo, durante viagens de avião ou quando se faz mergulho (ver aqui e aqui).
De modo geral, há um canal (a trompa de Eustáquio) que “liga o ouvido à parte de trás da boca”, refere-se no mesmo texto.
“Quando engole, pode notar um pequeno estalido nos seus ouvidos. Trata-se de uma bolha de ar que se desloca através da trompa de Eustáquio. Estas bolhas estão constantemente a mover-se para o ouvido médio, onde equilibram a pressão interna do ouvido”, explica-se.
Assim sendo, o barotrauma do ouvido “pode ocorrer quando estes tubos ficam bloqueados ou parcialmente bloqueados”, adianta a mesma fonte.
Esta lesão pode acontecer, quando se anda de avião, no momento da aterragem, mas “também pode ocorrer quando os mergulhadores descem” a profundidades maiores.
A mudança de pressão “pode criar um vácuo no ouvido médio, que puxa o tímpano para dentro”, causando dor e abafando os sons (o ouvido fica entupido).
Em casos mais graves de barotrauma, “o ouvido médio pode encher-se de um líquido transparente à medida que o corpo tenta igualar a pressão em ambos os lados do tímpano”, informa-se no artigo da Escola de Harvard.
Isto pode “provocar dor e dificuldades auditivas semelhantes às de uma infeção do ouvido” e, em contextos específicos, o tímpano pode romper-se e causar uma fuga desse líquido que “pode resultar em perda de audição”, salienta-se.
Como prevenir um barotrauma do ouvido?
O barotrauma é mais comum em viagens aéreas. O risco de lesão aumenta em pessoas que têm alergias, ou que viajam constipadas ou com infeções respiratórias.
Por esse motivo, o Medline Plus, um site de informação sobre saúde que pertence aos Institutos Nacionais da Saúde (NIH, na sigla inglesa) dos Estados Unidos, aconselha a utilização de “descongestionantes nasais (em spray ou em comprimidos) antes das mudanças de altitude”.
Para prevenir barotrauma também é importante “evitar mudanças de altitude enquanto tiver uma infeção respiratória superior ou sintomas de alergia ativos”.
Segundo o texto da Escola de Medicina de Harvard, as pessoas com ouvidos sensíveis podem ainda recorrer a tampões que abrandam a alteração de pressão que afeta o ouvido.
No entanto, frisa-se, apesar de estes tampões poderem ser utilizados para viajar de avião, “não são úteis para mergulhar”.
Durante um voo, “certifique-se de que está acordado para a aterragem, de modo a poder ‘desentupir’ os ouvidos, se necessário”, acrescenta-se.
Qual o tratamento para um barotrauma do ouvido?
De acordo com um texto da Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço (AAO-HNS, na sigla inglesa), em casos mais leves, algumas medidas permitem abrir a trompa de Eustáquio e, por conseguinte, aliviar a dor e o desconforto.
Pode ser útil “mascar pastilha elástica”, “comer um rebuçado” ou “bocejar”.
Além disso, inspirar e depois expirar suavemente, mantendo as narinas e a boca fechadas também pode ajudar, já que esta técnica força a passagem de ar para dentro do ouvido.
Estas medidas são particularmente importantes quando o avião se prepara para aterrar.
No caso de crianças e bebés, salienta-se no texto do Medline Plus, “amamentar ou beber goles de uma bebida pode ajudar” a abrir a trompa de Eustáquio.
Se estas medidas “não aliviarem o desconforto em poucas horas ou se o problema for grave, pode ser necessário consultar um médico”, alerta-se.
Isto porque pode ser necessário “tomar medicamentos para aliviar a congestão nasal e permitir a abertura da trompa de Eustáquio”.
Em caso de “hemorragia ou drenagem de líquido dos ouvidos”, destaca-se no texto de Harvard, também é preciso ir ao médico, pois o tímpano pode estar danificado.
“Se tiver tonturas que incluam uma sensação de rotação ou queda (vertigens) e os sintomas ocorrerem logo após voar ou mergulhar, deve ser imediatamente avaliado por um médico”, refere-se no mesmo texto.
Nestes casos, “existe uma pequena possibilidade de necessitar de uma cirurgia de emergência ao ouvido”, justifica-se.