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Alisar o cabelo com ferro de engomar? Os riscos e as consequências

Era uma prática comum na década de 1960: usar um ferro de engomar para alisar o cabelo. Nas redes sociais, esta forma de alisamento voltou a ganhar adeptos. No entanto, utilizar este eletrodoméstico no cabelo tem riscos e pode provocar danos irreversíveis.

8 Mai 2023 - 09:39

Alisar o cabelo com ferro de engomar? Os riscos e as consequências

Era uma prática comum na década de 1960: usar um ferro de engomar para alisar o cabelo. Nas redes sociais, esta forma de alisamento voltou a ganhar adeptos. No entanto, utilizar este eletrodoméstico no cabelo tem riscos e pode provocar danos irreversíveis.

No TikTok e no Youtube encontram-se inúmeros tutoriais em que se ensina a alisar o cabelo com um ferro de engomar. Também no Facebook existem vídeos cujos autores promovem esta prática.

Historicamente, este pequeno eletrodoméstico foi utilizado pelas mulheres no século XX para secar e alisar os cabelos encaracolados. No entanto, esta técnica representa riscos.

Os ferros alisadores de placas são, atualmente, o método mais utilizado para esticar o cabelo em casa. Este sistema foi inventado por Isaac K. Shero, em 1909. O primeiro aparelho para esticar o cabelo – o pente quente – remonta à década de 1870, tendo sido criado por Marcel Grateau.

Quais os riscos de esticar o cabelo com um ferro de engomar?

O principal fator que permite alisar o cabelo é a alta temperatura. Contudo, é também a temperatura que constitui um maior risco para a saúde do cabelo – uma situação agravada quando o aparelho usado é um ferro de engomar.

Em declarações ao Viral, Rubina Alves, dermatologista no Instituto Dermatológico da Madeira e secretária geral do Grupo Português de Tricologia e Onicologia da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia, explica que o ferro de engomar “não é, de forma alguma, uma opção viável para esticar o cabelo”, dado que este aparelho “não está desenhado para esse efeito”.

“O uso de temperaturas elevadas, nomeadamente com o uso de ferro de engomar, causam lesões na cutícula [estrutura externa] e no córtex [estrutura interna e sensível a efeitos externos] das fibras capilares”, adianta a especialista. 

O calor elevado pode levar “à perda de água” no cabelo, “tornando-o seco e quebradiço”.

Rubina Alves lembra que “um cabelo queimado é muito difícil de recuperar, mesmo recorrendo ao uso de condicionadores, máscaras e produtos desenhados para o cabelo”.

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Em muitos casos, os danos podem ser de tal ordem que “a opção mais viável será cortar a área afetada (ou ir cortando de forma gradual) até que o novo ciclo de cabelo permita ter novamente um cabelo saudável”.

Também Leonor Girão, dermatologista na Clínica de Dermatologia do Areeiro e membro do Grupo Português de Dermatologia Cosmética e Estética da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV), avisa que a utilização do ferro de engomar para este fim pode mesmo “derreter o cabelo”. Isto porque nestes eletrodomésticos é “muitíssimo difícil controlar a temperatura”.

A dermatologista afirma que usar o ferro de engomar para alisar o cabelo “pode custar caro”, ou seja, pode causar danos irreversíveis ao cabelo, obrigando a pessoa a “cortar o cabelo” que foi estragado durante esta prática. A especialista lembra que o cabelo cresce, em média, entre 1 e 1,5 centímetros por mês. 

Os ferros de engomar são desenhados para atingir diferentes temperaturas, tendo por base os limites de cada tipo de tecido. Por outro lado, os ferros alisadores ou modeladores – que permitem encaracolar – têm um limite de temperatura máximo que é baseado nas características do cabelo.

Apesar de cada tipo de cabelo ser diferente, Rubina Alves sublinha que a desnaturação do cabelo ocorre, em média, “entre os 200ºC e os 220ºC”.

Além dos danos que pode provocar ao cabelo, as duas especialistas alertam que alisar o cabelo com um ferro de engomar tem um risco “muito grande” de queimaduras faciais e na cabeça.

Como proteger o cabelo durante os alisamentos?

Nos últimos anos, os ferros alisadores ou modeladores de cabelo têm vindo a evoluir para proteger a saúde capilar. Existem várias opções no mercado, incluindo os ferros com placas cerâmicas ou tecnologia iónica.

“Os ferros alisadores e de encaracolar, embora desenhados especificamente para esta função e com materiais mais adequados, também têm riscos”, afirma Rubina Alves, sublinhando que estes aparelhos devem ser usados “de forma esporádica e não de forma regular”. 

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Caso sejam “usados de forma regular, continuada e com temperaturas elevadas”, estes aparelhos podem tornar o cabelo “seco, quebradiço ao longo de toda a haste capilar”. Em cabelos pintados, pode também “alterar a coloração”.

“O uso de temperaturas elevadas não se limita à superfície do cabelo, mas também danifica a fibra em profundidade”, acrescenta a especialista. O calor extremo pode levar “à evaporação da água, ao aparecimento de bolhas de calor e à degradação da queratina – uma substância sensível ao calor”.

A dermatologista aconselha não utilizar os ferros alisadores ou modeladores com o cabelo “completamento molhado”, dado que, nessas condições, “as fibras capilares estão mais suscetíveis a serem lesionadas”.

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Poderá também utilizar um “protetor térmico de cabelo” que irá “exercer um efeito de barreira entre o ferro alisador e o cabelo”. Esta proteção pode “garantir a integridade da cutícula e desempenhar um papel importante na ação anti-quebra, além de proteger a proteína do córtex de danos térmicos”.

Leonor Girão lembra ser importante seguir as indicações específicas dos ferros alisadores e modeladores, de modo a evitar danos permanentes no cabelo. Uma dessas indicações é o tempo de uso: utilizar estes aparelhos mais tempo do que o recomendado pode queimar o cabelo.

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Dermatologia

8 Mai 2023 - 09:39

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