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Aditivos alimentares são um “veneno”? É seguro consumi-los?

3 Mar 2023 - 06:11

Aditivos alimentares são um “veneno”? É seguro consumi-los?

“Veneno” é a palavra utilizada em várias publicações das redes sociais para descrever os aditivos alimentares – tais como corantes, conservantes e edulcorantes. Em causa está a crença de que o consumo destas substâncias presentes em diversos géneros alimentícios (desde o pão até aos refrigerantes) tem graves consequências para a saúde.

Utilizadores do TikTok e do Facebook sugerem que estes compostos – frequentemente identificados pela letra “E” seguida de um número (por exemplo, “E120”, que corresponde à cochonilha) – não são, por isso, seguros. Mas esta ideia tem fundamento? Os aditivos alimentares podem ser considerados um “veneno”?

O que são aditivos alimentares?

aditivos alimentares

Tal como esclarece um artigo publicado no site da Direção-Geral da Alimentação e Veterinária, aditivos alimentares são “quaisquer substâncias não consumidas habitualmente como géneros alimentícios em si mesmas e habitualmente não utilizadas como ingredientes característicos dos géneros alimentícios, com ou sem valor nutritivo”, que são adicionadas aos produtos alimentares “para exercerem funções tecnológicas que influenciam as suas características ou para conseguir propriedades ou um efeito específico”.

Existem mais de 300 aditivos alimentares autorizados na Europa que se enquadram em 27 classes funcionais (tipos de funções), como conservantes, espessantes, corantes, entre outros.

Em declarações ao Viral, o nutricionista e investigador no Centro de Investigação em Biociências e Tecnologias da Saúde (CBIOS) da Universidade Lusófona Leandro Oliveira adianta que nem todos os E’s são “substâncias estranhas ao consumidor”, já que alguns deles podem ser usados tanto como aditivos quanto como ingredientes.

“Por exemplo, o ácido ascórbico – que é a vitamina C – corresponde ao E300, que pode estar nos sumos de fruta ou ser adicionado ao pão como um conservante, porque tem propriedades antioxidantes”, sustenta.

É verdade que os aditivos alimentares são “um veneno” ou é seguro consumi-los?

Leandro Oliveira aponta que, à luz da evidência científica atual, os aditivos alimentares utilizados na União Europeia “não têm efeitos negativos para a saúde quando utilizados nas doses recomendadas”. Ou seja, é falso que sejam considerados um “veneno”.

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Segundo o nutricionista, “antes de se considerar determinado composto um aditivo alimentar, ele passa por vários testes”. Isto é, “quando alguém propõe um determinado composto como aditivo, tem de provar junto da  EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) que o composto é seguro e pode ser introduzido na alimentação nas doses em que se prevê que seja consumido”. 

O investigador lembra o regulamento 1333/2008, que estabelece “quais são os aditivos autorizados na alimentação humana”, e sublinha que estão definidos “limites máximos” para a utilização segura destas substâncias.

“Importa frisar que estes aditivos e estes estudos vão sendo revisados ao longo do tempo. No caso de se detetar algum problema associado ao consumo de um aditivo específico, esse aditivo é retirado do mercado e a sua autorização deixa de ser permitida”, realça.

Foi o que aconteceu, por exemplo, em 2022, com a “proibição do E 171 (dióxido de titânio) como aditivo alimentar”.

Para mais, vinca, os aditivos alimentares podem ter um papel positivo no que diz respeito à segurança alimentar: “Estamos a falar, por exemplo, dos conservantes alimentares, que ajudam a manter o alimento seguro para consumo e a prolongar o seu ‘tempo de vida’”.

Os riscos do consumo excessivo de aditivos alimentares

Apesar de os aditivos alimentares não serem considerados um “veneno”, Leandro Oliveira explica que o seu consumo excessivo poderá ter consequências como “desconforto gastrointestinal, flatulência ou diarreia”.

Além disso, pessoas com condições de saúde específicas podem não reagir bem ao consumo de determinados aditivos. Por exemplo, pessoas com “fenilcetonúria (ou PKU)” devem “verificar sempre no rótulo se um alimento contém o aditivo fenilalanina, porque quem tem esse distúrbio não consegue digerir esse aminoácido”.

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Alimentação

3 Mar 2023 - 06:11

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