A acne é uma doença de pele que tanto pode afetar adolescentes quanto adultos, mas os fatores que a desencadeiam e os tratamentos necessários podem variar conforme a faixa etária.

Em declarações ao Viral, uma dermatologista explica as principais causas e as melhores formas de tratamento para a acne na adolescência e na idade adulta.

Quais são as causas da acne na adolescência? 

Sendo esta uma doença de pele que atinge até 80% dos jovens, segundo a Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV), a acne durante a adolescência é fortemente influenciada pelas mudanças hormonais, que acabam por estimular as glândulas sebáceas, começa por explicar ao Viral Check Ana Pedrosa, dermatologista do Centro Hospitalar Universitário S. João e professora na Faculdade de Medicina do Porto. 

Durante este período, o aumento da produção de sebo nos poros está, geralmente, associado ao aumento dos níveis de testosterona, hormona presente tanto em homens quanto em mulheres, reforça o Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS). 

Além disso, a predisposição genética, a exposição a cosméticos inadequados, como, por exemplo os comedogénicos, além dos hábitos de higiene impróprios e a poluição são outros fatores que podem agravar o quadro clínico, Ana Pedrosa. 

Como se manifesta a acne na adolescência? 

A acne na adolescência tende a ser mais comum na chamada zona T (testa, nariz e queixo), onde a produção de sebo é mais intensa, explica a médica. 

“Na adolescência, há maior tendência para comedões abertos (pontos negros) e fechados (pontos brancos), além de lesões inflamatórias”, detalha.  

Embora a acne nos jovens seja um problema comum, tende a desaparecer com o tempo. 

O que causa a acne na idade adulta? 

Já na idade adulta, os fatores que causam a acne podem ser mais variados e difíceis de controlar.

A dermatologista destaca que as flutuações hormonais durante o ciclo menstrual, gravidez, ou menopausa podem contribuir para a acne. 

Também o stress crónico, que leva à libertação de cortisol, pode agravar a inflamação e estimular a produção sebácea.  

Isso significa que os adultos, muitas vezes, podem sentir um agravamento da acne devido ao impacto do stress diário e a outros fatores externos, como uma alimentação desequilibrada, o uso de cosméticos inadequados, privação de sono, tabagismo e exposição a poluentes. 

Quais as áreas mais afetadas pela acne em adultos? 

Diferente da acne nos adolescentes, que geralmente aparece na zona T, nos adultos a acne tende a afetar a região U (mandíbula, queixo e pescoço), principalmente em mulheres, salienta a dermatologista.  

Nos adultos a acne é mais propensa a ser dolorosa, com a formação de pápulas e pústulas, “muitas vezes, associadas a nódulos profundos”, que são mais difíceis de tratar. 

Enquanto a acne na adolescência costuma desaparecer com o tempo, a acne na idade adulta tende a ser mais persistente, refere Ana Pedrosa. 

Quais as melhores formas de tratamento para cada faixa etária? 

O tratamento da acne deve ser adaptado a cada paciente, considerando as causas específicas de cada faixa etária. 

Enquanto a acne em adolescentes, geralmente, responde rapidamente ao tratamento, a acne nos adultos exige “tratamento de manutenção, especialmente com o uso de produtos como retinoides tópicos e ácido azelaico”, destaca um artigo de revisão publicado na revista Anais Brasileiros de Dermatologia. 

A alimentação e o estilo de vida também têm grande impacto no tratamento da acne, tanto na adolescência quanto na idade adulta, destaca a médica consultada pelo Viral. 

A Academia Americana de Dermatologia (AAD, na sigla original) reforça que, independentemente da idade, “os objetivos do tratamento da acne” passam por “limpar a acne existente”, “impedir novas erupções” e “prevenir cicatrizes”.  

No entanto, “não existe um tratamento para a acne que resulte em todos” os doentes, destaca, ainda, a AAD. 

Quais são os erros mais comuns no tratamento da acne? 

O uso de produtos inadequados e a “manipulação das lesões pelo paciente” são alguns dos erros mais comuns que podem agravar a inflamação e aumentar o risco de cicatrizes. 

“A automedicação, muitas vezes com produtos excessivamente secativos que prejudicam a função barreira da pele”, é um erro que muitas pessoas cometem, alerta a especialista consultada pelo Viral.